Proposta radical
Dois anos velejando
Danilo Chagas Ribeiro

16 Ago 05
U
m casal gaúcho com um casal de filhos velejou pela costa do Brasil em 1999. Seis anos depois, resolvem desatracar novamente. Desta vez, também com o namorado da filha e a namorada do filho. O rumo é o Caribe e a Europa. Duração do cruzeiro: 2 anos. A partida está prevista para esta semana, do Veleiros do Sul.

Experiência
O Comandante Fernando Niedermeier, 56, conhece bem a faina a bordo. Aos 14 anos já velejava em um Pingüim, o monotipo para iniciantes nos anos 60. O pai tinha um Guanabara, e ele passou a velejar em um Ranger 22 mais adiante. Depois teve um Skorpio26. Com o Plankton, reconhecido de longe pelo mastro que parecia uma antena, toda a família subiu a costa brasileira.

O barco
Agora chegou a vez do Solaris, um Gulfstream, ketch, 43 pés, americano, ano 1976, que lembra o Trinidad 37 por ter o cockpit um pouco à vante da popa. "Definitivamente não é um barco de regata. É um cruzeirão", diz Fernando. O barco tem quilha corrida (longa) e não manobra nem orça como um barco de regata, mas mantém o rumo facilmente e navega macio.
Fazem parte dos equipamentos do Solaris, duas pranchas de windsurf (foto ao lado).

O veleiro de fibra de vidro foi reformado pelo casal e por Erik. "Todo o estofamento foi feito por mim", comenta Miriam Niedermeier, 50, com grande alegria. O casal adora o barco. Vibram muito com o Solaris.

Erik, 21, pratica o esporte à vela há vários anos, e participou de inúmeros campeonatos. Katie, 19, foi campeã estadual e brasileira em 2001. Sabe tudo de vela essa linda menina. E ambos conhecem bem a faina a bordo, até porque a família morou embarcada por um tempo, no Veleiros do Sul.

Convívio à prova
Se nem sempre é fácil para todo casal conviver um final de semana confinado a bordo, imagine-se velejando até o Caribe. Terão ainda o convívio com os filhos na fase em que estão, e com os "pretendentes". Os seis já navegaram juntos, mas neste cruzeiro a tripulação colocará sua capacidade de convívio à prova.

O comandante e a tripulação
"Fiz uma reunião com todos e expliquei que se não der certo, podem desembarcar no próximo porto", disse Fernando.
A democracia fica prejudicada a bordo. A não ser que a tripulação seja de poucos veteranos muito amigos (e olhe lá), o comandante dá as ordens e a tripulação obedece. Se não, em situações difíceis, vira uma bagunça. "A bordo não existe democracia", disse o comandante Niedermeier.

Interrompendo o trabalho cotidiano
Fernando é funcionário da prefeitura municipal de Porto Alegre e entrou em licença não remunerada para realizar o cruzeiro. Miriam é arquiteta autônoma e interrompeu as atividades para navegar. O restante da tripulação não tinha atividade profissional ou de estudo. Todos fizeram checkup médico recentemente para embarcar tranqüilos.

Custeio
O apartamento da família estava alugado e moravam em outro apartamento mobiliado, como inquilinos. Isso já estava nos planos para viabilizar a viagem. O aluguel do apartamento vai ajudar a bancar os custos. Cada um deles tem planos de fazer algum dinheiro durante a viagem. Afinal deverão passar mais tempo atracados do que navegando. Erik pretende prestar serviços nas marinas por onde vão passar. "No exterior, cobram US$50/hora para serviços em barcos. Se eu cobrar 25, tenho boa chance de pegar o serviço", diz. No Brasil, a hora destes mesmos serviços é R$15 (US$6). Lara, a namorada de Erik, está levando os cobiçados biquinis brasileiros para vender no Caribe. É ela quem tem menos experiência a bordo. "Estou acostumada com as tarefas de casa", diz Lara, que já enfrentou ventos fortes na Lagoa dos Patos.
Na viagem pela costa do Brasil em 1999, gastaram em torno de R$ 600/mês, incluindo combustível e alimentação. Desta vez a despesa mensal não ficará abaixo de R$1.000, informou Niedermeier.

Impaciência por causa do nordestão
Apesar da juventude dos filhos e dos candidatos a genro e a nora, Fernando e Miriam parecem ser ainda mais jovens. São muito dispostos.
Fernando mostra-se impaciente para sair logo por causa do Nordestão. Em breve o vento Nordeste começará a soprar com mais freqüência na costa brasileira e irá dificultar a subida. "Quero ver no Cabo São Tomé!", diz. Por outro lado, não poderão navegar ao Caribe antes de Novembro, quando encerra-se a estação dos furacões na região.

Reforma
A cabine original do comandante, na popa, foi reformada. Em vez da cama de casal atravessada, duas camas de casal mais estreitas foram feitas, para acomodar os dois casais de jovens. Entre as camas há uma meia-divisória (foto mais acima). A cabine tem banheiro privativo. O comandante ficou com a cabine de proa, que chega a ter 1,90 de largura, e também tem banheiro privativo com chuveiro. A sala do Solaris pode acomodar mais quatro pessoas.

O plano do comandante é permanecer o menor tempo possível no Brasil. As duas primeiras escalas serão Rio Grande e Florianópolis.
Depois da temporada no Caribe, a idéia é atravessar o Atlântico e visitar países europeus. De lá, descerão para o Brasil. Mas isso é assunto só para 2007.

Bons ventos à corajosa tripulação do Solaris. Fora e dentro da cabine.

A tripulação do Solaris

Da esq p/dir, Tiago, Katie, Lara, Erik, Miriam e Fernando, na festa de despedida no Veleiros do Sul, no domingo passado

 

 

Diário do Solaris
Porto Alegre a Salvador
Salvador a Maragogi

 

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16 Ago 05
Abraços ao Fernando e parabéns para toda a tripulação.
Qdo vi que tinham dois windsurfs no barco achei que conheceria o Comandante. Fernando, ainda tenho duas SAVAGES com velas do amigo YUL. Não são muito modernas mas te empresto. Felicidades. Celso Chagas Ribeiro. SIGNASUL/SAVAGE

16 Ago 05
COMANDANTE FERNANDO, MIRIAM E GURIZADA.
NOSSOS CIÚMES SADIOS, VOTOS DE VENTOS FAVORÁVEIS, UMA VIAGEM INESQUECÍVEL E "EXIGIMOS" UM LIVRO NA VOLTA.
ESPERAMOS ESTAR NOVAMENTE NA CHICO E TER O PRAZER DE PEGAR AS AMARRAS, DAR BOAS VINDAS E VER VOCÊS CHEGAREM COMO ACONTECEU COM O SOLARIS PÓS CATARINA ANO PASSADO.
GRANDE ABRAÇO E NOSSO PLENOS VOTOS DE SUCESSO
Cylon, Simone, Matheus e Gabriela (Raio de Luar-VDS)

16 Ago 05
Nós do Panos Quentes desejamos a vocês, nossos amigos Fernando/Míriam/tripulação, lindas velejadas, águas calmas, belas paisagens, muitos amigos, boa parceria com o Solaris e sucesso nesta nova viagem.
    "A pior coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa não é quando seu projeto não dá certo, seu plano de ação não funciona ou quando a viagem termina no lugar errado. O pior é não começar."
     Ao passar por Angra dos Reis leve abraços aos nossos amigos comuns, Haroldo/Marli.
     Boa viagem e até logo....
     Jorge, Samuca e Gabriel.