XIV Circuito Conesul
11 Set 2005
Danilo Chagas Ribeiro

14 Set 2005
O Circuito Conesul é certamente o mais importante evento náutico do sul do Brasil. São dois finais de semana de competições integradas nas comemorações da Revolução Farroupilha.

Participei do XIV Circuito Conesul velejando a bordo do Charlie Bravo V, o catamarã de 43 pés do Comandante Paulo Hennig do Veleiros do Sul. E participar da tripulação deste barco ímpar, embora duplo, é um raro privilégio. (foto CBV, Silvio Avila)

Ninguém "amarela"
O tempo estava feio desde a véspera e o adiamento do evento foi sugerido.
O Comandante João Daniel Nunes, vice-presidente da Federação de Vela do RGS, respondeu: "Acredito que o pessoal gosta de regata, entre outras coisas, porque havendo a data, sabe-se que ela será realizada. Não é como passeio que é transferido porque está nublado ou porque parece que não vai ter vento. A data existe, todo mundo sabe que os outros estarão lá e ninguém amarela".

Virada no tempo
35 barcos, de 21 a 46 pés, participaram da competição. Foi um número modesto, mas muito significativo diante das condições do tempo.

A frente sul chegou um pouco depois do previsto. No início da tarde, entrou mais de 20 nós do sudoeste, propiciando uma bela velejada para barcos com mais de 30'. Para barcos pequenos, a velejada tornou-se um tanto difícil, segundo o Comandante Fernando Foernges, do veleiro Cibs.

Comandante na faina
Inscrito na categoria multicasco do Velejaço Farroupilha, o Charlie Bravo V tinha 9 tripulantes, com idade média em torno de 50 anos.

O trabalho mais pesado fica por conta da gurizada, evidentemente, mas quando a faina aperta, o comandante Paulo Hennig passa o leme e vai para a proa, onde não só comanda, como participa da faina. É uma atitude rara e bonita de se ver.

Perdas importantes
O saldo do evento foi positivo, embora tenha havido baixas. O veleiro Titan, do Iate Clube Guaíba, teve o mastro derrubado. Um velejador de quase 70 anos, também do ICG, precisou ser hospitalizado devido ao forte retrancaço que causou fissura no rosto.

E teve um navio cargueiro que apresentou queixa pelo VHF, alegando que não foram avisados do evento e que poderia haver acidente com os "barquinhos". Não ficou claro o que fariam em relação a nós se avisados fossem.

Velas rasgadas e outras conseqüências de vento forte (mais de 20 nós) foram registradas. Por um momento pensamos que um dos maiores veleiros participantes iria retirar-se da competição tal a manobra que o vimos fazer, mas logo voltou ao rumo da regata. Assistimos a um dos dois 360º involuntários que fez.

Exemplo do espírito veleiro
O Comandante Ricardo Englert é o velejador mais assíduo do Rio Guaíba. Seguidamente veleja com a família e com amigos, mas quando o tempo fecha, Ricardo veleja sozinho. Sempre é bom tempo para o vice-comodoro administrativo do Veleiros do Sul velejar.

Ricardo suportou a pauleira sozinho no Conesul com seu Mordente27. Eu estava no trapiche quando o Ricardo chegou. "Não foi mole", disse. Aí vem ele embaixo de chuva, solito no más (foto ao lado).

Clima a bordo
O Charlie Bravo V foi o fita azul neste domingo, chegando mais de 20 minutos na frente do segundo colocado. O vento forte favorece esta bela nave. Com 22' de vento, chegou a desenvolver mais de 10nós de velocidade.

A maior parte da tripulação do Charlie Bravo V é composta de velejadores de grande experiência. A maioria já cruzou mares, trabalhou como skipper, fabricou veleiros, e alguns acompanham o Charlie Bravo V desde a fabricação. O entrosamento é perfeito. Não há clima de competição a bordo, mas de cooperação e muita diversão.

Mulheres no mau tempo
Um Ranger22 chamou a atenção no Conesul. Com todo aquele mau tempo, a tripulação feminina fez bonito.

Sob o comando da Comandante Conceição Bortolaso, do Veleiros do Sul, as cinco velejadoras mostraram-se determinadas e deram exemplo.

Haviam outras mulheres participando do evento, mas a tripulação do Neon era exclusivamente feminina.

Pane ou castigo?
Até o final da tarde de ontem pairava uma dúvida sobre o que teria sido aquilo (foto) na popa do veleiro C'est la Vie do Comandante Henrique Silva Dias, o mais jovem, combativo e entusiasmado comandante da classe Oceano do Sul. Alguns garantiam que se tratava de tentativa de solucionar uma pane do Fast, embora outros suspeitavam que seria castigo imposto pelo comandante a um proeiro amotinado.
Brincadeira com o Henrique. Ele exige disciplina da tripulação, sim, mas (ainda) não chega a este ponto.

Track
O GPS armazena os pontos lidos dos satélites ao longo do percurso. São as coordenadas de pontos do caminho seguido pelo barco (ou os waypoints da derrota). No final da velejada, os pontos são passados a um computador. Um programa de navegação (Ozi Explorer) plota estes pontos sobre a carta náutica da região, formando uma linha (track) com o trajeto percorrido.

Na carta reduzida aí abaixo, cada bolinha significa um ponto registrado. Alguns trechos são apresentados em detalhe (como a carta não está bem calibrada, no Veleiros parece que o barco andou sobre os molhes). Cada bolinha contém um conjunto de dados, conforme mostrado na tabela. São as coordenadas (Lat/Long) do ponto, data e hora, velocidade (knots) e a proa (direção do barco naquele momento). Com estas informações é possível avaliar a performance, analisar o percurso e totalizar dados.

No detalhe superior direito vê-se a espera da largada. Junto ao Veleiros, os procedimentos de saída e chegada. Lá embaixo, o contorno da marca 111, onde houve o retorno. Nos outros 2 detalhes, passagens por duas marcas (bóias ou faroletes) .

Imagens a bordo do Charlie Bravo V

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Imagens do Conesul

 

 

 

 

 

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