Orion - A história de um grande veleiro (continuação)
Claudia Barth

Em 1976, o veleiro Orion II foi substituído pelo Orion III, um dos barcos de oceano que mais trouxe títulos ao Veleiros do Sul e ao nosso estado. O projeto do Orion III foi feito pelo estúdio de German Frers, em Buenos Aires. Enquadrado na classe IOR “Two Tonner”, foi construído especialmente para correr regatas. Sua construção, toda em madeira laminada, ficou ao encargo da Barcosul, de Plínio Froener. Suas medidas eram: 12,5m de comprimento, 2,19m de calado, boca máxima de 3,68m, altura do mastro de 16,87m e área vélica de 90m quadrados. Era um modelo arrojado, equipado com o que tinha de mais moderno para a época.

Um dos desenhistas, José Alberto Frers, veio a Porto Alegre quatro vezes para acompanhar a construção. Numa de suas visitas, explicou: -“Procurou-se desenhar um barco para ter um bom desempenho em todas as condições de vento. É uma embarcação boa para velejar em contraventos, com ventos de 20 a 25 nós. Orça em qualquer intensidade de vento”.

Sobre a armação do barco em Sloop e a quilha de chumbo de quatro toneladas, Frers comentou: -“Tivemos o cuidado na distribuição do peso, para que não varie quando a tripulação estiver no convés. O desenho do convés foi simplificado ao máximo, para facilitar as manobras da tripulação de oito pessoas. Os barcos desta categoria são muito especializados e exigem muito dos tripulantes, correspondendo à fórmula um dos carros”.

Houve também por parte dos projetistas a preocupação com o conforto dos tripulantes. Os beliches foram montados em sistema cardan, permitindo ajustamentos conforme a inclinação do barco. Assim, o tripulante fora do quarto, poderia dormir a barlavento.

Em 1977, o Orion III participou da Regata Buenos Aires – Rio de Janeiro. Não completou todo o percurso, pois quebrou o mastro quando estava na costa do Rio Grande do Sul, a 40 milhas ao sul de Rio Grande.

Neste mesmo ano, participou da Admiral’s Cup, na Inglaterra, obtendo a melhor colocação individual da equipe brasileira, representada pelos barcos Orion III, Tigre, do Rio de Janeiro, e Kamaiurá, de São Paulo. Foi uma das maiores e melhores participações da vela de oceano do Rio Grande do Sul no exterior. Participaram da tripulação: Egon Barth, comandante, Victor Barth, imediato e navegador, André Barth, proeiro, Carlos Altmayer Gonçalves, navegador e timoneiro, Léo Penter, timoneiro, Eduardo Scheidegger Junior, proeiro, Jorge Papaléo Vidal, proeiro, Werner Neugebauer, proeiro, e Niels Ostergreen, timoneiro e tático de velas.

Em 1978, o Orion III conquistou o segundo lugar na Regata Buenos Aires – Mar Del Plata e o quinto no Campeonato Mundial da Classe Two Tonner (Regata Two Ton Cup), realizado no Rio de Janeiro.

Em 1979, ganhou a Regata Troféu Seival, encerrando precocemente sua grande atuação.

Em 1980, o barco foi vendido para um velejador carioca.

Ficam, assim, aqui registradas, as grandes conquistas desses belos veleiros, motivos de orgulho para nós gaúchos.

Meus sinceros agradecimentos ao popa.com.br, que tornou possível a publicação destas linhas, à biblioteca do Veleiros do Sul, que forneceu todo o material necessário para esta pesquisa, e a todos os tripulantes que navegaram nos veleiros Orion I, II e III e fizeram parte desta história.

O Orion III na Admiral's Cup

 

Tripulação do Orion III, em 1976. Da esquerda para a direita:
Erwin Ettrich, Edwin WolffDick (Centauro), Eduardo Scheidegger Jr.,
Léo Penter, Victor Barth, Edgar Moeller, André Barth e Pedro Barth (Duca).

A seguir: Orion III na Admiral's Cup

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