Luz misteriosa no Araçá
A assombração sabe para quem aparece

Danilo Chagas Ribeiro

06 Jan 2009
E
m julho passado, o veleiro Magana navegava a motor no Rio Guaíba/RS, aproximando-se da foz do Arroio Araçá. O local é conhecido por Saco das Mulatas. Eu timoneava o belo barco do Comandante Geraldo Knippling aí pelas 8 da noite, seguindo waypoints.

Ao tirar os olhos do GPS e olhar para a proa através do parabrisa do pilot house, avistei uma luz bem branca, como representado abaixo.

Depois de algum tempo deduzi que a luz estava imóvel e a mais ou menos uma milha de nós.

Não há casas por ali. A proa apontava para a foz do arroio, onde só há vegetação e água. Apesar da noite calma e clara, não se via nada, a não ser aquela luz naquele fundão.

Presumi que fosse a luz de tope de mastro de um veleiro fundeado no arroio, e mantive a proa nela. Seguir uma luz imóvel é bem mais prático do que navegar por uma tela no painel. Embora seja menos confiável que o GPS, como é um lugar conhecido, me permiti seguir a luz.

Em menos de um minuto comecei a desconfiar da nossa proa. Ao verificar o GPS, vi que estávamos mais de 100º fora do rumo (observe o desvio na linha roxa do track, à esquerda da palavra "MULATA" na imagem ao lado).

O curioso é que, ao sair do rumo sem me dar conta, a luz continuava na nossa proa, lá no horizonte. Mas até verificar o GPS eu tinha certeza de que estava no rumo correto, baseado no que eu via. Aquela luz sempre na mesma posição.

Para a luz ter-se mantido na proa durante a saída do rumo, ela teve que correr muito para poder acompanhar o giro do Magana. E o mais curioso é que ela descreveu exatamente o mesmo ângulo que nós, já que a luz sempre estava à nossa frente.

Acontece que, como o raio de giro da luz (estimei em uma milha) era muito maior que o nosso, implicaria em uma velocidade muito alta para conseguir dar conta do arco a percorrer.

Considerando a variação daqueles 100º no rumo do Magana em curto intervalo de tempo, ela teria se deslocado a uma velocidade grande demais pra ser um barco. Não fazia idéia do que seria aquilo, mas carro ou avião não era, com certeza.

Seria um disco voador?

O Mestre e eu concordamos que disco voador não existe. Mas, não sendo isso, o que mais poderia ser?

E por que "eles" estariam fazendo aquilo? Seria "um sinal" para nós? Estaríamos à beira de uma abdução? E, neste caso, para onde nos levariam? Poderíamos escolher o destino? Não cheguei a perguntar ao Mestre qual seria sua preferência, mas eu já começava a pensar num harém repleto de mulheres bonitas e calmas, e que não conversassem muito.

Tentando descobrir uma causa terrena para aquela luz, fiquei muito desconcertado quando descobri que, indubitavelmente, aquela luz vinha mesmo de fora do planeta!
Sem ter o que dizer, sentindo-me completamente ridículo, percebi que a luz nada mais era do que o reflexo daquela poderosa lua cheia na curva de um brilhoso tubo de inox do púlpito de proa.
Adeus harém! Valeu pela expectativa!

Era a primeira vez que eu timoneava o Magana à noite, e minha visão não era grande coisa através do parabrisa um pouco embaçado. Mesmo assim, como é que eu fui cair nessa, depois de centenas de horas timoneando à noite?...

Nunca se sabe tanto, a ponto de não se poder aprender mais alguma coisa. E nesse rumo, quem sabe um dia eu venha a acreditar em discos voadores. Mas enquanto isso não acontecer, recomendo que se alguma vez V. pensar que avistou um OVNI, lembre-se do dito popular: "A assombração sabe para quem aparece".

 

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