14 Mar 2012
O relacionamento entre os delegados da Marinha do Brasil e os clubes náuticos de Porto Alegre é, via de regra, excelente. A convivência é amistosa e assídua, Normalmente os delegados vem de outros estados com a família, e sentem falta do convívio social que perderam em função da mudança. Para amenizar, os clubes tradicionalmente abrem suas portas aos delegados, presenteando-lhes com carteiras de associado.

Nos eventos festivos sociais os delegados são convidados a participar com suas esposas. Nos eventos festivos esportivos, os delegados prestigiam as entregas de prêmios de regatas.

Frequentando os clubes, a Marinha toma conhecimento das necessidades do meio náutico e participa das atividades. Aí vão dois exemplos, dentre outros cujas gestões deixaram saudades.

Comte Péricles
Foi assim na gestão do comandante Péricles, por exemplo. Tínhamos uma encrenca feia com a administração do Parque de Itapuã, de onde os velejadores eram espantados dos fundeios na Praia do Sítio, no Rio Guaíba, quase na Lagoa dos Patos. A lei estadual que criou o parque proíbe atracação sem autorização especial, e a administração extrapolou "atracação" para "fundeio". Uma vez os guardas do parque espantaram uns velejadores ameaçando-os de atirar.

O então Delegado Péricles acabou com o bochincho, declarando em reunião com a administração do Parque que "Onde uma acha de lenha flutuar, quem diz o que pode e o que não pode, sou eu". Hoje, todo mundo fundeia em Itapuã tranquilamente, graças à atuação da nossa MARINHA DO BRASIL, embora a maioria nem saiba dessa história.

Comte Nelson
Outro exemplo marcante na Delegacia de Porto Alegre foi o Comandante Nelson. Submarinista, extremamente bem educado e bem humorado, colorado e velejador, não é à toa que ele hoje comanda o Navio Veleiro Cisne Branco, da Marinha do Brasil.

Quando em 2005, o navegador André Issi, que veio remando de Brasília a Porto Alegre, estava por chegar, o Comandante Nelson aceitou nosso convite para receber André, e timoneou o veleiro Canibal (foto ao lado), do Comte Andreas Bernauer, ao encontro do André, para fazermos uma surpresa. Procuramos pelo André de binóculos e lá pelas tantas o localizamos no meio do Guaíba.

A pouca distância do caiaque, o Canibal ficou boiando, esperando que o caiaque se aproximasse. Então fizemos um buzinaço. André, todo esgualepado pelo sol, e ainda remando, não podia acreditar que estava ali o comandante da Marinha do Brasil em Porto Alegre para dar-lhe as boas vindas. André parou no nosso contrabordo.

O Comandante Nelson então, se esticando do alto do costado do Delta 36, apertou a mão de André, lá embaixo, embarcado no caiaque, cumprimentando-o e parabenizando-o pela façanha. O gesto foi emocionante! E não precisava ser um de nós, que gosta de empurrar água, para se emocionar com aquilo. Eu fiquei, acima de tudo, orgulhoso. Ali estava a MARINHA DO BRASIL, louvando o feito de um navegador, cidadão brasileiro, que fez bonito. Foi uma enorme proeza do André, e um gesto belíssimo do Comte Nelson!

Aí vai um link com a matéria (texto, fotos e vídeo). Não deixem de ver o vídeo, com a chegada triunfal com foguetório e tudo, há 7 anos. No vídeo, o comandante Nelson aparece timoneando o Canibal e depois na varanda do Veleiros do Sul, cumprimentando André (sentado).
Na foto logo aí acima, ao lado do Comte Átila Böhm, skipper do Veleiro Atrevida, o Comandante Nelson arria bandeiras no Veleiros do Sul, em cerimônia de espargimento de cinzas do saudoso László Böhm, pai de Átila.