Rumo à REFENO (2)
Diário de Bordo do Passatempo e Entre Pólos
Subindo a costa do Brasil rumo à regata Recife - Fernando de Noronha
Comte Adriano Machado

Da Ilha do Bom Abrigo à Angra dos Reis

16 Ago 2005 23:14

Tripulações:
Passatempo: De Porto Alegre até Rio Grande, Adriano, Gervásio (Veneza), Anselmo (Taiu) e o Selmo ( Mainá). Em Rio grande, desembarcou o Anselmo e o Gervásio e embarcou o Robinson (Cruzoé) de São Lourenço.
Entre Pólos: Gigante, Silvio (Landeco), Daniel (Mecânico), Marcelo (Mecânico), Osmar (Trinidad 37) e o Paulo Haman.

Dia 11\08, como de praxe acordamos à 5h e ficamos animados com a tranqüilidade da nossa ancoragem. Um céu totalmente estrelado e um ventinho fraco de noroeste. Como nosso rumo era nordeste, logo imaginamos fazer uma bela navegada até Santos, onde desembarcariam dois tripulantes do Entre Pólos, o Adriano, meu chará e Cacildo. Levantamos âncora às 6h, e em seguida trocamos um câmbio com o Entre Pólos, que nos relatou suas dificuldades no dia anterior, entre elas, a quebra de uma âncora Bruce de 22kg de ferro fundido. Quando recolheu a âncora para zarparmos, veio só a haste. Por volta de 7h um sol maravilhoso surgiu no horizonte. A navegada foi muito tranqüila, muito sol, temperatura agradável, mar verde esmeralda e como da Ilha do Bom Abrigo a Santos não nos afastamos mais de seis milhas da costa, fomos curtindo a mesma até lá. Apesar da noite, pois chegamos às 19h, nossa aterragem em Santos foi tranqüila. Mantivemos o canal sempre a boreste para livrar o tráfego de navios e outras embarcações. Só entramos no canal na altura da Ponta dos Limões nos dirigindo direto para um píer de desembarque de passageiros logo na entrada do canal. Primeiramente decidimos pernoitar na Praia do Góis, também na entrada do canal, só que uma onda lateral deixou a ancoragem bem desconfortável, aí decidimos entrar no Rio Icanhema, que fica a boreste, logo na entrada do canal. Ancoramos no píer de um posto de combustível que já estava fechado. Lavamos o convés com água doce, reabastecemos com água e depois de um lanche leve, fomos dormir.

Dia 12\08, acordamos, para variar, às 5h, degustamos um belo café com torradas e antes do sol nascer, já estávamos contornando a Ponta Grossa, na Ilha de Santo Amaro. Mais uma vez a alvorada surge com tons vermelhos e alaranjados, onde em seguida desponta o nosso astro rei. O vento era nordeste de 3 a 5 nós, impossibilitando qualquer tentativa de velejar. Nossa próxima parada seria Ilhabela, a capital da vela no Brasil, onde estimávamos chegar às 13h. Tudo transcorreu bem em função das condições do tempo, mar espelhado, temperatura alta e pouca roupa lagarteando ao sol. Cruzamos pela Ilha Toque-Toque às 12h com o Robinson fazendo a frente na cozinha e preparando um delicioso Carreteiro de Charque Lorenciano, o segundo da nossa viagem. Almoçamos navegando e às 14h chegamos em frente ao Iate Clube de Ilhabela. Pelo segundo ano consecutivo, não fomos bem recebidos neste lugar, aliás, desse descaso com navegadores que vem de longe, até os estrangeiros estão reclamando. Parece que as pessoas que nos recebem, são pouco preparadas para lidar com o público. Tranqüilamente existia mais de 50 poitas vagas, mas nós só poderíamos ancorar em duas lá no meio do canal, “correndo o risco de ser atropelado por um petroleiro”. Percebendo a nossa dificuldade em encontrar um lugar para ancorar, encostou-se a nosso barco, um inflável branco com um rapazinho muito simpático, que colocou à nossa disposição as poitas do Iate Clube Regatta, um pequeno píer de desembarque de botes, com um belo restaurante, com internet e uma loja da Regatta muito bem sortida. Fomos muito bem recebidos. É assim que todos os clubes do nosso litoral deveriam receber os navegantes em geral, deixando diferenças sociais e outras discriminações de lado. Dentro d'água somos todos iguais, ninguém é melhor que ninguém. Outro fato lamentável é que pedimos aos marinheiros do I. C. de Ilhabela informação de onde conseguir alguém que pudesse consertar nossa ferragem de proa e essas pessoas não nos deram a mínima, não conhecendo ninguém, e tampouco fazendo menção em nos ajudar. Mas deixando as mágoas de lado, fomos à luta. Na Regatta, conhecemos uma moça simpática chamada Nádia, que além de conhecer um mecânico, nos levou até ele, distante dali 4 km. Passamos a tarde na oficina e finalmente às 19h voltamos de ônibus para o Iate Clube Regatta. Após um bom banho, tomamos uma cervejinha e comemos uma isca de peixe frito no restaurante da marina, para prestigiar seu bom atendimento e em seguida fomos para a cidade, dar uma caminhada e jantar. Encerramos nossas atividades às 24h caindo na cama pregados.

Dia 13\08 ficamos em Ilhabela para passear pela cidade e conhecer São Sebastião, do outro lado do canal. Munidos de máquina fotográfica, pegamos a barca de passageiros das 13h, chegando em São Sebastião às 14h. Almoçamos na cidade, visitamos algumas lojas de artesanato e voltamos às 17h na barca de automóveis. Para aproveitar a estada na cidade, saímos novamente para jantar fora. Nesse dia fomos dormir mais cedo para zarpar cedinho no outro dia.

Dia 14\08 despedimo-nos do pessoal que nos recebeu tão bem e zarpamos às 6h 30min rumo a praia do Sítio Forte, na Ilha Grande, Angra dos Reis, seriam em torno de 60 milhas, as quais foram navegadas 80% a motor. Só na Ponta da Joatinga, apareceu um sulzinho fraco que nos levou até o Sítio Forte, onde ancoramos às 17h. À noite fizemos um churrasco a bordo do Passatempo regado a muita cerveja.

Dia 15\08, para variar, amanheceu um belo dia, o Robinson e o Gigante foram à praia dar uma caminhada e eu e o Selmo ficamos a bordo lavando roupa e cuidando das atividades domésticas. Às 10h levantamos ferro rumo a Angra dos Reis, para visitar algumas lojas náuticas e levar as roupas mais pesadas para uma lavanderia existente na Marina Piratas Mall. Só que quando chegamos, nos deparamos com todas as lojas fechadas. Era feriado em Angra, só funcionava a praça de alimentação. Almoçamos, compramos algumas frutas e encaramos o trabalho duro, lavar as roupas pesadas, aproveitando a água doce da marina. Como o Gigante tinha que esperar a Cleuza, sua mulher que chegaria às 19h, nós do Passatempo resolvemos dar uma navegada até a Ilha de Paquetá, distante dali 7 milhas. Chegamos à ilha às 16h, preparamos um mate, colocamos o bote na água e fomos à praia dar uma caminhada. Curtimos a areia sentados em um tronco de árvore apreciando a beleza do lugar, até o anoitecer. Uma dica para quem nunca veio a Angra, mas pretende vir um dia, é conhecer as ilhas de Paquetá, Itanhangá e do Cedro, que são maravilhosas. Voltamos ao barco, fizemos um ravióli com molho 4 queijos e degustamos com algumas taças de vinho. O Selmo foi dormir cedo, o Robinson ligou a tevê para ver a Sol na novela das 8h e eu deitei para ler um pouco, aliás um bom livro, Os Vagabundos dos Mares do Sul, escrito por John Wray, que conta à história de um jovem de 21 anos que fez seu próprio veleiro de 35 pés, a partir de toras de madeira encontradas nas beiras de praias nas proximidades da cidade de Auckland, na Nova Zelândia. Ele velejou com amigos pela Austrália pegando muitas tempestades no Mar da Tasmânia. Durante a leitura sempre bate um soninho, e não precisando dizer mais nada, para mim o dia encerrou.

Dia 16\08 acordamos em horário normal e depois do café, zarpamos para a Ilha do Cedro, pois só vamos para o Rio de Janeiro dia 18\08 para prestigiarmos a despedida do Brasil 1. Neste meio tempo vamos passear por Angra e Parati. Cruzamos pela Ilha Comprida, Ilha Sandri, Ilha Araraquara e posteriormente chegamos ao nosso destino antes do meio dia. Estávamos de donos do ancoradouro, visto que estávamos sozinhos e o Entre Pólos tinha pernoitado no Piratas Mall. Para quem não sabe, a diária desta marina é de R$ 340,00, mas depois de muita negociação, o Gigante pagou R$ 120,00. Para o almoço, o comandante se esmerou... Preparou uma picanha maturada fazendo alguns cortes transversais, salgando, despejando um tubo de mostarda entre os corte e por cima e levando ao forno por mais ou menos 1h e 30min, quando faltar uns 15min para o cozimento, despejar uma lata de creme de leite. Após este tempo é só servir com arroz branco e muita cerveja gelada. Após o almoço, como ninguém aqui é de ferro, tiramos a tradicional sesta. Lá pelas 15h levantei para fazer um bolo de abacaxi para esperar os nossos amigos do Entre Pólos. Curtimos o bolo com refri a bordo do Passatempo, jogamos um pouco de conversa fora e dividimo-nos, cada um para o seu barco. Essa noite não teve nada de janta, só um lanchinho leve e muita leitura. Aproveitei para encerrar até aqui o nosso modesto diário.

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17 Ago 2005
Boa viagem a vocês!!! Bons ventos e muitas paz e tranquilidade. Pena que dessa vez não nos encontramos em Angra. Levem meu pensamento com vocês, pois estou velejando junto e curtindo cada momento.
Abraços,
Vinicius Carvalhaes
SPIRITUS - Angra - ICAR


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