Estrela, Taquari acima
Parte
2 - A eclusa
de Bom Retiro do Sul Barragem e eclusa
Na margem esquerda do Taquari, a represa tem uma passagem para embarcações. Este tipo de passagem chama-se eclusa. É um poço retangular, de concreto armado, com comportas de aço nas 2 extremidades por onde os barcos entram e, como em um elevador, alcançam o outro nível do rio. Atrás da comporta que se vê ao fundo, aí ao lado, a água está 8m acima do nível interno da eclusa vazia. A água entra e sai da eclusa pelo acionamento hidráulico de válvulas. A operação é de responsabilidade de uma concessionária e custeada pelo governo federal. Marinheiros de primeira "eclusada" Talvez por causa da pane não tivemos que esperar pelo horário normal da operação da eclusa (a cada 2h). Quando chegamos à barragem a eclusa já estava com as comportas de jusante (rio abaixo) abertas. A luz verde do semáforo autorizava nossa entrada. No que entramos no poço as comportas foram fechadas. Estávamos encerrados entre aquelas 4 paredes escuras e úmidas que reduzem a luminosidade e favorecem acentuado eco, tornando o ambiente algo estranho. Em seguida o tal cenário começa a ser inundado rapidamente. Em apenas 5 minutos a água já tinha subido 1 metro e meio. A inundação do poço sob pressão torna a água muito revolta. Com apenas um motor funcionando, a lancha estava com dificuldade para manobrar e dançava por causa da agitação da água. Não haviam dois cunhos próximos para a amarração de proa e popa. E caso houvesse, não teríamos atinado da necessidade até a festa começar. Instalamos as defensas e logo atracamos em um "boneco" como chamam os pontos para atracação (abitas). Em poucos minutos o ponto que utilizávamos estava sendo tapado de água. Passamos a amarra para o ponto imediatamente acima, que logo foi também inundado... Assim o ponto de amarra
foi sendo substituído sucessivamente, sem que se descobrisse
maneira mais esperta para imobilizar a lancha. Enquanto isso, tentáva-se
a todo o momento evitar que a lancha batesse nas paredes de concreto
em meio à agitação da água tão revolta.
Desconfiando que o processo poderia ser algo mais simples, perguntei depois a alguém por ali se nosso procedimento havia sido correto. - Não, vocês tinham que amarrar na 'bóia flutuante' ! Pouca gramática dele e nenhuma prática nossa. Nas paredes da eclusa há rasgos verticais onde bóias embutidas contendo punho de atracação simplificam a vida dos navegantes. Na volta foi bem mais fácil, até porque a água não se agita no esvaziamento do poço. Bombas hidráulicas de acionamento elétrico (pela rede, e por geradores próprios em emergências), atuam as válvulas da eclusa nas 24 horas, viabilizando a hidrovia que escoa a produção de grãos da região. Torna-se inoperante somente quando a cota a jusante atinge 8m (desnível da eclusa). A rede de transporte aquaviário do RGS tem 621km, sendo integrada pela hidrovia do Taquari, Jacuí e Lagoa dos Patos até Rio Grande.
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